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COLUNISTAS / Café sem censura

Orgulho do verde e amarelo

18/03/2015

Esse domingo, 15/3/2015, foi marcado por manifestações populares em todo o Brasil. Entre as reivindicações da população estavam o desejo de melhor atendimento na saúde, educação e segurança e até pedidos para intervenção militar. Mas as palavras de ordem que predominavam eram “chega de corrupção”, “fora Dilma” e “fora PT”, em clara demonstração de insatisfação com a corrupção que se instalou nesse governo.
E Lorena também fez sua parte. Centenas de pessoas, vestidas nas cores verde e amarelo, se concentraram na Praça Arnolfo Azevedo para também se unirem ao coro de milhões de brasileiros em um verdadeiro exercício de cidadania: lutar por um país melhor. 
Em seguida, os manifestantes caminharam até a Rodovia Presidente Dutra e a interditaram por cerca de meia hora. Inicialmente, pensei que essa ação iria ser um transtorno para quem teve sua viagem interrompida e precisou ficar parado na rodovia. Entretanto, o que presenciei foi caminhoneiros acenando e fazendo sinal de positivo, pessoas paradas em seus carros aplaudindo, fotografando e se juntando ao coro, algumas até desceram para olhar de perto a manifestação. Fiquei com a forte sensação de que o fizeram com prazer em parar e dar sua contribuição ao movimento por um Brasil melhor. 
Momento em que os manifestantes pararam a Rodovia Presidente Dutra. Foto: Sávio de Carvalho Pereira 
Foi realmente algo lindo de ver, a população, de forma espontânea, se mobilizando por um único objetivo: um Brasil melhor. Embora pense que não veremos nenhuma mudança significativa num primeiro momento, já que algumas das reivindicações não são as soluções definitiva para nossa situação.
O Impeachment da presidente dificilmente acontecerá, primeiro por questões jurídicas. Como bem esclareceu Marina de Almeida em sua coluna Direito em Pauta, “analisando imparcial e juridicamente, alicerçado na Constituição Federal, ainda não há provas que tornem possível dar início ao processo de impeachment. Para ser feito um pedido de impeachment no Brasil, devemos ter como parâmetro de validade para o direito e legitimidade para a política a nossa lei maior, a Constituição Federal. Não é permitido utilizar da política como argumento a possibilitar o pedido de afastamento da presidente. Ao fazer isso, antes então rasguemos nossa Constituição democrática, porque estamos reduzindo o direito a um mero instrumento político”.
E ainda que encontrem algum respaldo jurídico que dê condições de abertura ao processo de impeachment, como defendem alguns juristas, não devemos nos esquecer que esse seria um julgamento político realizado pelo Congresso, que não me inspira confiança alguma. 
Por outro lado, promover o Impeachment de um presidente não é garantia do fim da corrupção, e a história recente de nosso país já nos mostrou isso. Por muito menos a população também saiu às ruas pedindo o Impeachment do Collor. Ele deixou o poder, mas a corrupção continuou existindo.
Se fizermos um levantamento de todos os casos de corrupção desde a década de 80, encontraremos que no governo Dilma, proporcionalmente, houve mais casos que no governo Lula, que por sua vez, teve mais casos que o governo FHC, que teve mais casos que o governo Itamar/Collor, que teve mais casos que o governo Sarney, e assim por diante. Isso me induz a acreditar que a corrupção está enraizada em todos os partidos políticos, e acompanhando seu histórico, ela tem aumentado a cada novo mandato, independente de qual partido pertença o representante eleito.
Diante desse quadro, penso que devemos lutar por algo muito maior, que devemos reivindicar muito mais do que o simples “fora Dilma” ou “fora PT”. Devemos cobrar é uma reformulação na nossa legislação, de forma que todo político corrupto ou irresponsável na administração dos recursos públicos, seja julgado rapidamente, sem direito aos infinitos recursos que as brechas da lei garantem, e que, principalmente, seja punido com rigor e sem direito à redução de pena ou qualquer outro benefício.
A nossa democracia é jovem e temos muito a evoluir e amadurecer. Ainda temos tempo de cortar esse mal que assola a classe política do país. E medidas extremas, como o endurecimento das leis anticorrupção, são necessárias. Se nada for feito agora, as futuras gerações pagarão caro por termos ficado de braços cruzados. 
Por isso estive presente à manifestação de domingo e desejo que esse movimento cresça e que cada vez mais brasileiros venham aderir a essa luta. De nada adianta nossa Constituição Federal determinar que “Todo poder emana do povo e em nome dele será exercido” se não lutarmos para garantir que essa seja a realidade. 
Finalizo por hora, convicto que ainda há esperança para o nosso país, com a letra da parte introdutória de nosso Hino Nacional, que em algum momento da história foi removida, mas que sempre apreciei muito.
“Espera o Brasil que todos cumprais com o vosso dever
Eia! Avante, brasileiros! Sempre avante
Gravai com Buril nos pátrios anais o vosso poder
Eia! Avante, brasileiros! Sempre avante
Servi o Brasil sem esmorecer, com ânimo audaz
Cumpri o dever na guerra e na paz
À sombra da lei, à brisa gentil
O lábaro erguei do belo Brasil”.

COLUNISTAS / Savio de Carvalho

Sávio de Carvalho Pereira, natural de Lorena, é pai da Luane e mestre em Engenharia Química pela Faenquil (hoje EEL-USP). Amigo, leal, bem humorado, teimoso, é realista, mas sem perder o idealismo, sobretudo quando se trata de construir um mundo melhor para se viver, onde haja harmonia entre o ser humano e o meio ambiente.


saviocp@outlook.com

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