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COLUNISTAS / Falando de teatro

“Zilda Arns – A dona dos lírios”: pré-estreia nacional em Lorena, no Teatro Teresa D’Ávila

31/08/2018

“Se queres a paz, prepare-se para a guerra” é um conhecido provérbio romano que parece ter sido adotado com precisão cirúrgica pela médica Zilda Arns. Indicada três vezes ao Prêmio Nobel da Paz e fundadora da Pastoral da Criança, a sanitarista comprou muitas brigas para alcançar seu projeto de vida: a redução da mortalidade infantil no país.

Agora, essa trajetória de luta e sucesso é revivida no espetáculo “Zilda Arns – A dona dos lírios”, que estreia dia 21 de setembro, no Teatro Cândido Mendes, em Ipanema, no Rio de Janeiro – RJ. Antes, porém, olhe só que honra para Lorena: a pré-estreia será no dia 14 de setembro, às 20h, no Teatro Teresa D’Ávila, no UniFatea (Centro Universitário Teresa D’Ávila), com apresentações, no mesmo horário, também nos dias 15 e 16 (sábado e domingo).

Com direção de Luiz Antonio Rocha, interpretação de Simone Kalil e texto da dupla, após a estreia, no Rio de Janeiro, o monólogo ficará em cartaz de sexta a domingo, às 20h, com patrocínio da EDF Norte Fluminense. A peça repete a parceria iniciada na consagrada peça “Brimas”, dirigida por Luiz e com texto de Simone e Beth Zalcman, e terá uma porcentagem da venda de ingressos doada para a Pastoral da Criança.

Zilda Arns visitou todas as cidades brasileiras – chegou com a missão de salvar vidas de norte a sul do país, de lixões a aldeias indígenas, das periferias dos grandes centros aos interiores sertanejos, nenhum lugar lhe escapava. Um trabalho desbravador, que muitas vezes lembra a expedição dos irmãos Villas-Bôas. Idealizadora do projeto, a atriz Simone Kalil viajou a Curitiba, para visitar a sede da Pastoral da Criança e o Memorial da Vida, museu sobre o legado da dra. Zilda Arns. Nessa viagem, conheceu um pouco mais sobre sua personagem conversando com familiares, amigos e pessoas que conviveram de perto com a médica.

“Acho fundamental resgatar os legados deixados pelas grandes mulheres brasileiras, como a dra. Zilda. Ela foi uma grande mulher que defendia outras mulheres. Tinha um objetivo claro, que era a redução da mortalidade infantil no Brasil, e comprava brigas com muita gente para seguir esse projeto de vida”, conta Simone Kalil. “O teatro em que eu acredito é o do afeto, usar a arte para multiplicar afetos. Espero que os espectadores sintam-se inspirados ao conhecer mais a trajetória desta médica”.

Diretor de extrema sensibilidade e colecionador de sucessos em espetáculos como “Uma Loira na Lua”, “Eu te Darei o Céu”, “Brimas” e “Frida Kahlo – A deusa tehuana”, Luiz Antonio Rocha conta que a Zilda Arns que o espectador vai encontrar no espetáculo é diferente daquela a que estávamos acostumados a ver em programas de TV.

“Ela era doce, da paz e muito religiosa, e era assim que ela aparecia na mídia. Na peça, vamos conhecer uma Zilda ‘bélica’, diferente da figura pública. Uma mulher de fibra, para quem não existiam obstáculos, que enfrentou cardeais, ministros e presidentes, uma mulher que elegeu o combate à mortalidade infantil como missão e que, com a morte de seu primogênito, decidiu estancar a dor e lutar pela vida”, frisa o diretor.

Esse trabalho desbravador da sanitarista estará impresso no cenário (de Luiz Antonio Rocha e Eduardo Albini), figurinos (de Caká Oliveira) e composição sonora (Beá) da montagem. “O cenário e o figurino fazem parte desse Brasil, pouco conhecido até muitas vezes pela Dra. Zilda. Um Brasil profundo, de raízes, de miscigenação, de contrastes sociais, que é tão rico e belo quando sua extensão. Através de objetos, sons, texturas e atmosferas de um país que já não existe mais, além do olhar afetuoso da Dra. Zilda, vamos revelando os lugares percorridos por ela e o que aconteceu depois das suas missões”, explica Luiz Antonio Rocha.

Dra. Zilda morreu em 2010, durante o terremoto que devastou o Haiti. A médica estava lá em missão humanitária, com o objetivo de fundar a Pastoral da Criança naquele que é o país mais pobre da América Latina. Morreu dentro da igreja, antes de seu discurso de inauguração, mas seu legado fica para sempre.

Mais sobre Zilda Arns

Filha de alemãs, Zilda Arns Neumman nasceu em 1934, em Forquilhinha, Santa Catarina. Médica pediatra e sanitarista brasileira, irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, foi fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, que completa 35 anos em 2018, e da Pastoral da Pessoa Idosa, organismos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Com iniciativas relativamente simples, como as campanhas do soro caseiro e da amamentação, e a pesagem regular de crianças até 2 anos, a médica conseguiu reduzir em 60% os índices da mortalidade infantil no Brasil nos anos 80. A Pastoral da Criança, fundada no Paraná, foi expandida para outros 26 países, além de estar presente em quase todas as cidades brasileiras.

Ficha técnica:

Texto: Luiz Antonio Rocha e Simone Kalil

Direção: Luiz Antonio Rocha

Elenco: Simone Kalil

Direção musical, composição sonora e execução: Beá

Iluminação: Ricardo Lyra

Cenário: Luiz Antonio Rocha e Eduardo Albini

Figurino: Caká Oliveira

Assessoria de imprensa: Rachel Almeida (Racca Comunicação)

Preparação vocal: Jane Celeste

Preparação corporal: Roberto Rodrigues

Direção de Produção: Maira Magalhães

Fotos: Dalton Valério

Arte Gráfica: Duda Simões (Tangerina)

Realização: Mabruk Produção Cultural e Artística

 Pra anotar na agenda:

 Zilda Arns – A dona dos lírios

Temporada: 14, 15 e 16 de setembro

Horário: Sempre às 20h

Teatro Teresa D’Ávila: Av. Dr. Peixoto de Castro, 539 – Vila Celeste

Telefones: 2124 2922 (Bilheteria)

Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia)

Duração: 1h

Classificação indicativa: Livre

Funcionamento da bilheteria: de segunda à sexta, das 15h às 19h

COLUNISTAS / Caio de Andrade

Dramaturgo, diretor e produtor teatral, Caio de Andrade nasceu em Lorena (SP), no dia 25 de novembro de 1960, e construiu sua carreira no Rio de Janeiro.

Formado em jornalismo, trabalhou na TV Manchete e SBT.

Ao longo de seus dez anos na televisão, fez inúmeros cursos e oficinas de teatro, chegando a dirigir alguns espetáculos. Nos palcos, como autor e diretor, vem construindo uma ponte entre o teatro e a história do Brasil. Foi o criador do Projeto História em Cena, no Centro Cultural Banco do Brasil – RJ, que levou milhares de estudantes ao teatro ao longo dos seus três anos de existência.

Participou de encontros com importantes companhias inglesas, na área de teatro-educação e de inúmeros festivais no Brasil e no exterior.  É, hoje, um dos profissionais de teatro mais atuantes e premiados da sua geração.

Foto por: Rodolfo Magalhães


cdeandrade@uol.com.br

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