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Caminhada pela Vida: um grito silencioso por respeito à mulher

14/10/2020

Uma vida cruelmente interrompida. Uma criança sem mãe. Uma família dilacerada. Infelizmente, a história de Caroline Coelho Monteiro não é incomum. A jovem lorenense foi assassinada aos 21 anos. O autor do crime deveria ser a pessoa que mais deveria respeitá-la, pois Caroline era sua companheira há anos e mãe de sua filha. Quantas Carolines são assassinadas todos os dias, pelo Brasil e pelo mundo?

Estudos evidenciam que o percentual de mulheres agredidas por ex-companheiros subiu de 13% para 37% entre 2011 e 2019, incluindo situações em que os agressores eram ex-maridos e também ex-namorados no momento do ataque. Esses números representam um aumento de 284% desses casos.

Um outro levantamento, feito por 7 veículos de comunicação independentes, revela que 195 mulheres foram mortas em 20 estados brasileiros, somente nos dois primeiros meses da pandemia (março e abril). Entre março e agosto, foram 497 mulheres que perderam suas vidas. Uma mulher morta a cada nove horas, com uma média de três mortes por dia em seis meses de pandemia. A lorenense Caroline sequer entrou nessa estatística.

Caminhada pela Vida: sábado, dia 17, no Centro de Lorena

A voz e a vida de Caroline foram cruelmente caladas, mas em Lorena, surgiu um grupo – Mulheres pela Vida – disposto a não se calar. Mesmo que não precise dizer uma palavra. Em repúdio ao assassinato da jovem e pedindo um basta nos casos de violência contra a mulher, no próximo sábado, 17 de outubro, acontece a Caminhada pela Vida: #SomosTodasCarolines. A concentração acontece na Praça da Estação, às 9h30, de onde os presentes sairão às 10h e seguirão silenciosamente, pela rua Principal, em direção à Praça Arnolfo Azevedo. A família de Caroline, que completaria 22 anos nesta semana, estará presente.

“Sabemos que o assassinato é o último estágio de uma violência que, geralmente, já vem acontecendo há tempos no relacionamento. Muitas vezes, nem mesmo a própria vítima e a família percebem os sinais. Mas não podemos mais aceitar que esse tipo de agressão aconteça, seja verbal, psicológica ou física”, afirma a idealizadora do movimento, a empresária lorenense Rogéria Fonseca. “Não vamos mudar o mundo, mas se pudermos influenciar ao menos uma vida, já terá valido a pena”, completa.

Integram o grupo Mulheres pela Vida outras mulheres lorenenses, convidadas pela Rogéria, que compartilham da mesma indignação. Toda a comunidade está convidada a participar: homens e mulheres de todas as idades. Basta comparecer no dia da Caminhada, de preferência de camiseta preta. Não se esqueça de utilizar máscara e seguir os protocolos de prevenção à Covid-19.

Outros eventos devem acontecer, pois a ideia do grupo é dar continuidade nas ações de prevenção e conscientização.

Violência contra a mulher em Lorena

Segundo dados da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Lorena, somente no primeiro semestre de 2020, foram registrados 233 crimes contra a pessoa, cujas vítimas são mulheres. O mais triste: na maior parte das ocorrências, o autor do crime conhece a vítima. Dentro desses registros, 17 foram crimes contra a dignidade sexual (estupros e importunações sexuais), 59 lesões corporais, 48 crimes contra a honra (calúnia, injúria e difamação), 119 ameaças, 47 vias de fato (onde há agressão, mas não há lesão), 11 perturbações de trabalho ou sossego e 55 contravenções criminais.

Nos primeiros seis meses do ano, foram instaurados 179 inquéritos policiais e 90 termos circunstanciados. “É bastante trabalho, considerando que nosso atendimento a vítimas e testemunhas precisa ser cuidadoso e feito no ritmo das mulheres que nos trazem suas denúncias”, afirma a delegada da DDM, dra. Adriane Gonçalves.

 

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