As esperanças se renovam no início do ano, até chegarem as listas de materiais escolares, IPTU, IPVA… Ao entrar no supermercado, percebemos que ela está de volta – a famigerada inflação – e o mesmo valor do mês anterior não leva para casa os mesmos produtos e a mesma quantidade. Nas esquinas, as conversas dão o tom: política, futebol e o Carnaval que, pelo jeito, não tarda ser coisa só de cidade grande… E a frase no final: “bons tempos aqueles”…
O calor cada vez mais desesperador, assim como as chuvas torrenciais, mas esse papo de mudança climática é problema do governo…
E, assim, as ruas a cada dia ficam com menos árvores, assim como os quintais cimentados para não sujar a casa de barro. Lá se vão as mangueiras, laranjeiras, abacateiros, jabuticabeiras, goiabeiras, entre outras frutíferas que outrora juntavam tantos em suas sombras, nos balanços, nos lanches da tarde ou, simplesmente, para chupar a fruta no pé. As cercas, quase sempre de bambu, separavam os quintais sem a parafernália de muros altos com arames farpados eletrificados e com câmeras por todo o lado nos aprisionando no nosso próprio lar.
Festas por todos os lados, ensaios de blocos e escolas de samba, assim como quermesses nos bairros, festas juninas nas ruas, festas religiosas… Grande parte acabou devido à violência, tiroteios e tráficos cada dia maiores, assustando as pessoas.
E as militâncias sérias contra uma ditadura, hoje levam pessoas a protestarem por vinte centavos no aumento da passagem de ônibus, enquanto bilhões de mensalões, lava-jato e petrolão, corrupção de todas as formas e por todos os lados não mobilizam um povo estático que ainda está esperando um herói nacional.
Profissionais sem qualificação e analfabetos funcionais devido à péssima educação, povo doente e vítimas de um mosquito e de um sistema de saúde falido, projetos sociais que vitimizam e deixam nesta condição uma massa imensa da população, custos e desvios incalculáveis para sediar uma Copa e Olimpíada sem política de alcance de esporte para jovens e crianças, idosos desrespeitados e sem perspectivas, violência e desemprego crescentes, tudo isso sobre uma base de uma cidadania desacreditada…
Lembrei-me daquelas velhas filosofias, mas que são verdadeiras: “Se não puder mudar o mundo, mude o seu mundo”… E assim, 2016 começou com mais de vinte novas árvores plantadas no quintal, reunião com familiares e amigos mais frequentes e um planejamento para um ano mais próspero e mais feliz.
Enfim, é a nossa alma que não pode deixar de acreditar!
E não esqueçam: depois dessa chuvarada e com o calor, é de se esperar um aumento no número de Aedes aegypti na cidade. Agora, além dos 4 subtipos de dengue, ele transmite a chicungunya e a zika, que pode causar microcefalia fetal. Por isso, cuide da sua casa e seu local de trabalho e faça 10 minutos de inspeção e eliminação de criadouros por semana. Comece melhorando o seu mundo e tenha um feliz ano novo!
Valdemir Vieira, popularmente conhecido como Mafu, é formado em Enfermagem e Obstetrícia pela Unitau, pós-graduado em Terapia Intensiva e mestre em Enfermagem Psiquiátrica pela Escola de Enfermagem da USP, com trabalhos apresentados no Brasil e exterior, além de responsável técnico de Enfermagem do Caps (Centro de Atenção Psicossocial) – Lorena. Professor convidado nos cursos de pós-graduação da Fatea e outras universidades das cidades vizinhas, palestrante dos assuntos de políticas públicas e motivacionais, Mafu também é formado em Professional and Self Coaching, potencializando as lideranças profissionais em diversas empresas e em áreas distintas. Lorenense nato e ex-vereador, está sempre envolvido e atento aos assuntos da cidade e vem, com a mesma performance de colunista que foi do Jornal Guaypacaré, diretamente para a coluna, de mesmo nome, no Portal “O Lorenense”. Com ele, são “Outros Papos”…
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